
As imagens valem mais do que qualquer palavra. Cerca de 50 trabalhadores
das obras de construção do centro de dados da
Portugal Telecom na Covilhã vivem num
armazém inacabado de uma zona industrial, sem condições de
habitabilidade.
A
história foi revelada originalmente pelo
«Jornal do Fundão», que revelou a situação de cerca de 60 trabalhadores
de três empresas
subcontratadas para a empreitada de
armação de ferro do Data Center da Covilhã. Vivem em condições
sub-humanas deste 17 de
maio num armazém do Parque Industrial do
Tortosendo.
A agência Lusa apurou que são todos operários
armadores de
ferro, naturais de países africanos e
afrodescendentes. Apontam o dedo à empresa Açomonta, que ali os terá
colocado desde
meados de maio e desde então «não quer
saber» das sucessivas queixas de falta de condições. O responsável
comercial da Açomonta,
António Reboucho, disse ao Jornal do
Fundão que a firma é «alheia à situação».
Todo o espaço aberto é
ocupado com
camas de aspeto degradado, de par com
restos de antigas máquinas e outros resíduos. Ao lado das camas há
frigoríficos e fogões
ligados a botijas de gás, em cima de mesas
improvisadas com tijolos e tábuas.
Há uma única casa de banho,
que «costuma
estar ligada a um furo», mas «já não há
água há cinco dias», relatam trabalhadores, enquanto se queixam de não
tomar banho
desde essa altura. Outros garantem que já
tiveram que recorrer a garrafões, que enchem na obra ou em pavilhões
industriais
das imediações, os mesmos com que levam
água para cozinhar arroz.
Os trabalhadores dizem estar «reféns da
crise»,
porque, «mesmo com estas condições», não
podem «largar o trabalho», uma vez que «é preciso mandar o dinheiro para
as famílias»,
a maioria das quais residem na zona de
Lisboa, referem.
No local há cerca de 50 camas a serem
utilizadas, mas pelo
menos um dos trabalhadores garante que por
ali passam mais de 60 pessoas, responsáveis pela construção da armadura
de aço
do edifício do centro de dados da PT.
PT repudia
A
Portugal Telecom (PT) repudiou, entretanto,
a situação. Em comunicado, a PT afirmou-se
«surpreendida» com «as alegadas condições deploráveis de alojamento de
um grupo
de trabalhadores da construção civil
supostamente ao serviço de uma empresa de construção civil subcontratada
para a empreitada
de construção do novo 'data center' na
Covilhã» e disse que irá acionar todos os mecanismos para cessar a
situação descrita.
O
consórcio Opway/Somague venceu o concurso
para a construção do centro de dados da operadora portuguesa.
«Sem
prejuízo
das conclusões do processo de averiguação
já instaurado, a PT desde já manifesta o seu total repúdio sobre a
situação descrita,
declarando adicionalmente que este tipo de
situações se encontra expressamente proibida pelo contrato de
empreitada assinado
entre esta empresa e o empreiteiro geral».
A operadora adianta que iniciou um processo de averiguação sobre os factos
noticiados e já apurou que o local referido se encontra a vários quilómetros da obra.
Caso
se confirmem as informações
divulgadas, a PT sublinha que «acionará de
imediato todos os meios ao seu dispor por forma a fazer cessar a
situação descrita
e reserva-se o direito de acionar
igualmente todos os mecanismos legais, contratuais e judiciais, tendo em
vista a reposição
do seu bom nome e reputação».
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Retirado de:
TVI24